Um caminho para o perdão, sem romantização

Um Caminho para o Perdão, Sem Romantização

Um caminho para o perdão, sem romantização.

Perdoar não é um processo simples. Não aprendemos isso na infância, aliás nos ensinaram a pedir desculpas. Poucos de nós, ouvimos um pedido de perdão dos nossos pais, não é mesmo?

Viemos de uma infância tradicional, com muitos julgamentos sobre o certo e o errado e fomos treinados para sentir culpa caso escorregássemos na cartilha desse certo e errado dos pais. Então, hoje se fala muito em não julgar, mas fomos julgados na infância. Não aprendemos a ser empáticos porque não fomos ouvidos e amados o suficiente.

Mas, afinal de contas o que é perdoar?

E hoje com muitos traumas costumamos depositar no colo do outro a esperança de dias melhores e é claro que teremos muitas mágoas, raiva e ressentimentos e o perdão vem mais como uma obrigação da modernidade.

Mas afinal o que é perdoar? Definitivamente não é esquecer. Tudo o que ocorre conosco fica armazenado na memória, a não ser que eu sofra um acidente ou tenha uma doença degenerativa. Perdoar não é aceitar o inaceitável, não é continuar se submetendo ao que te faz mal.

A definição que mais ressoa na minha alma é: perdoar é conviver com um passado que não passa, sem sofrimento. E sabe, esquecer não traz aprendizado. Eu preciso pensar, refletir, fazer conexões. Nesse aprendizado posso treinar a comunicação não violenta, conhecer mais sobre a relação intenção versus impacto, navegar no caos etc. Esse aprendizado inclusive pode me poupar de me colocar em risco novamente.

O caminho do perdão

O primeiro aprendizado quando alguém nos magoa é perceber nossas emoções. O que eu estou sentindo? Pode parecer óbvio, mas muita gente não sabe o que sente e é muito difícil admitir a raiva, principalmente se tratando de filhos para os pais.

Após admitir a raiva, fazer uma reflexão sobre quais as suas necessidades e as do outro que não foram atendidas. Se possível, ficar na “pele” do outro ao considerar os traumas, crenças e feridas da sua infância. Lembrando que trauma não é um passe livre para que abusem de você. Procure entender se o que aconteceu foi pessoal ou não tem nada a ver com você e sim com o outro, com uma questão pessoal dele. E deixe ir, não é seu, não precisa carregar. Importante também refletir sobre a sua participação no processo, a sua responsabilidade. Esta parte é bem difícil!

O simples exercício de escutar as emoções, veja no final deste artigo, já vai movimentar a energia da raiva dentro de você e ficará mais fácil deixar ir embora.

O ideal mesmo é não ter nada para perdoar, ou seja, não nos ofendermos não é mesmo? Sabe quando uma pessoa vem te pedir perdão e você não vê nenhum motivo? É isso!

O caminho do perdão passa pelo livramento do conteúdo perturbador do acontecido. É ser feliz, independente do que aconteceu, aprender a deixar ir e dar limites. Isso é perdão.

O perdão não ocorre da noite para o dia pois é preciso fazer um trabalho interno profundo e muitas vezes doloroso. Segundo a mentora Joanna de Ângelis, há a necessidade imediata de se reservar espaço e tempo para o treinamento do perdão. Respeite o seu tempo, mas que tal estabelecer um prazo? Justamente para que esse ideal não se perca nos distrativos da vida.

Perdoar é autoperdão! É se livrar do fardo do passado para viver no aqui-agora. Perdoar é reconhecer a humanidade do outro, que falha, que é imperfeita, assim como eu sou. É uma decisão interna, é uma escolha, um novo hábito. E como qualquer novo hábito precisa de técnicas, ferramentas e constância.

Prática para liberar a raiva

Quando alguém nos magoa, nos fere, normalmente o primeiro sentimento que brota é a raiva. É um mecanismo normal de defesa que nos pede uma ação, de lutar ou fugir. Depois da raiva, pode vir a mágoa, tristeza e ressentimento. O ressentimento é devastador pois você sente tudo de novo. Como a nossa mente não distingue entre passado ou futuro, ou seja, tudo é presente, sentimos como se realmente estivesse acontecendo no agora. E o que isso significa? Significa que o meu corpo vai ser preparado novamente para lutar ou fugir, com descargas hormonais do estresse que são altamente prejudiciais, podendo causar depressão e outros transtornos.

Se você quer aprender mais sobre raiva eu recomendo o livro: O surpreendente propósito da raiva de Marshall Rosenberg. Vamos agora praticar a liberação da raiva?

  1. Sente-se de uma maneira confortável.
  2. Deixe seus pés no chão, preferencialmente descalços, as mãos descansam sobre as pernas.
  3. Coluna ereta, mas sem rigidez.
  4. Inicie praticando 3 respirações profundas, tomando o ar pelo nariz e soltando pela boca.
  5. Diga em voz alta ou apenas pense sobre o porquê você está com raiva. Eu estou com raiva porque…
  6. Classifique essa raiva de 1 a 10. 10 é o máximo de raiva.
  7. Perceba onde você sente a raiva no corpo e se possível coloque a mão na região.
  8. Como você percebe essa raiva? Se ela fosse materializada como seria? Qual o formado? Cor? Quente ou frio? Entre em contato com a imagem que se forma quando você foca na sua raiva.
  9. Fique por um minuto e meio sentindo o que você está sentindo.
  10. Faça a classificação novamente. De 1 a 10 e verifique se diminuiu. Se não diminuir repita o processo.

Você tem uma prática que é um verdadeiro tesouro! Pratique e me dê um retorno comentando neste blog. Agradeço por seu interesse em fazer um mundo melhor! Sigamos!

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