O que eu aprendi com as plantas praticando atenção plena

Podemos aprender com as plantas. Olhai os lírios do campo, nos disse um mestre… e sem lama não há lótus, disse outro. O que será que elas têm para os ensinar? Quando praticamos a atenção plena (mindfulness) podemos perceber sutilezas da natureza e aprender com elas. Vou partilhar com você alguns aprendizados:

1) Cada planta tem o seu tempo para germinar. Tem sementes que germinam rapidamente, horas depois que encontra as condições propícias, outras tem uma latência maior e pode ficar viáveis por décadas. Aprendemos com isso, que tudo tem o seu tempo e na natureza não cabe comparações. O nosso amadurecimento é gradual e de acordo com nossas potencialidades. Ter paciência com o próprio amadurecimento e enquanto isso fazer o seu melhor, traz uma sensação de paz muito confortável.

2) As flores desabrocham naturalmente, sem resistir ao processo. As pétalas vão se abrindo sem preocupação, sem resistência. Abre porque confia no sol, confia na natureza. Elas não pensam “essa pétala está feia, melhor não abrir” e nem “a flor vizinha é mais bonita”. A nossa essência é divina e o universo cuida de cada criatura. A confiança na vida é um ingrediente essencial para a conquista da autoconfiança. Somos o que somos e há beleza nisso. Não devemos nos preocupar com a opinião dos outros e nem nos compararmos. Viver o propósito de vida é simplesmente ser o que você é.

3) As plantas precisam de poda. Ramos mortos ou danificados precisam ser retirados. Isso ajuda no desenvolvimento da planta pois ela deixa de gastar energia com ramos velhos e investe em ramos novos. Também temos necessidade de renovação e eliminar o desperdício de energia vital como mágoa, raiva e ressentimentos e investir na compaixão e bondade,

4) As plantas deixam ir as plantas que não servem mais. As folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes, nos disse Manoel de Barros. Esse fenômeno nos ensina a importância da leveza. Na vida, é fundamental deixar ir o que não nos cabe mais. A prática da atenção plena nos ensina isso. Viver o momento presente, o aqui e o agora, o que não nos serve mais não cabe no presente, faz parte do passado. Com o passado aprendemos mas não precisamos carregá-lo. Nos distraímos demais com o que não está dando certo. A “aceitação” e o “não lutar” também são atitudes do mindfulness, que juntamente com o “deixar ir” nos ajuda na limpeza emocional.

5) Muitas plantas são conhecidas pelo seu odor único. Um indivíduo da mesma espécie sempre vai produzir o mesmo aroma, independente das condições ambientais, o que pode variar é intensidade, mas ela nunca deixará de ser única. Elas recebem bem o vento, a chuva e o sol. Não deixam de emitir perfume porque estão estressadas. São generosas, seus óleos essenciais perfumam e curam. Isso é compaixão.

Podemos aprender muito com a natureza quando praticamos o “olhar de principiante”, viver cada dia como se fosse a primeira vez, com curiosidade. Com essa prática fica fácil perceber a abundância da vida, reconhecer pequenas alegrias e viver plenamente.

 

Neusa Tamaio é instrutora de mindfulness, bióloga, doutora em botânica e criadora do Jardim Consciente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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