Como transformar a vilã ansiedade em uma boa amiga

A ansiedade cumpre uma função adaptativa, pois significa preservação da vida. Ela faz parte da natureza pois nos prepara para algum perigo, então funciona como um alarme. No entanto passa a ser prejudicial quando se torna crônica e repetitiva.

Alguns especialistas denominam a nossa era de “Era da Ansiedade”. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, a ansiedade atinge 3,6% da população mundial. No Brasil, quase 10% sobre com a ansiedade, cerca de 18 milhões. Esse dado é alarmante!

 

Como saber se a ansiedade que sinto é natural ou  tóxica?

Saber se a ansiedade é natural ou passou do ponto, ou seja já é tóxica é uma dúvida comum. Vamos pontuar as duas:

ANSIEDADE NATURAL:

– Te prepara para agir, organizando a tarefa a ser realizada;

– Pode representar uma expectativa boa

– Não é contaminada pelo pessimismo e não há desespero

– É racional e útil

– Funciona em picos, sobe antes da tarefa ser realizada e logo após retorna ao nível normal

ANSIEDADE TÓXICA

– Sistema de alarme que indica que estamos sempre em perigo

– Irracional, inoportuna, inútil, especulativa e alarmante

– Os pensamentos de preocupação brotam sem nenhuma razão

– Não funciona em picos, sobe antes e continua alta depois da tarefa realizada

– Pode ocorrer sem nenhuma tarefa agendada, sem motivos

 

É possível não ter ansiedade?

Não é possível zerar a ansiedade. Calma! Não precisa se desesperar. Todas as nossas emoções são importantes. Conhecer a nossa vulnerabilidade é o que nos empodera. Não existe pílula mágica que vai eliminar totalmente a ansiedade da sua vida. A ansiedade é um convite para uma vida mais plena. O que está te afligindo? Por que a sua confiança está abalada? Quais recursos internos você já tem para lidar com o medo? Aprender a enfrentar a ansiedade é de vital importância e para isso é preciso aprender a desenvolver autoconfiança.

Confiar é dar crédito e relaxar quanto ao resultado. Essa confiança ocorre quando testemunhados o lado bom das coisas. E é aqui que a ansiedade está ligada ao pessimismo. Aprender a saborear a vida cria novas vias neurais para a felicidade e passamos a acreditar que sim, é possível ter uma vida com mais significado. Uma vida com mais significado não incluir a ansiedade tóxica.

Não é possível zerar a ansiedade mas é totalmente possível diminui-la até o nível da ansiedade normal e reconquista a sua liberdade. Mas como?

 

O ansioso sofre porque vive no tempo errado, no futuro

Uma pesquisa publicada na revista Science,  realizada pelos psicólogos Matthew A. Killingsworth e Daniel T. Gilbert da Universidade de Harvard, afirma que o grupo de pessoas estudadas passou 46.9% de suas horas acordadas pensando em outra coisa que não o que elas estão fazendo. E aí você pode estar se perguntando: o que isso tem a ver com a ansiedade? Muito! Os autores afirmam que uma mente que devaneia normalmente não pode ser feliz. Mas como manter a mente no presente? Praticando a Atenção Plena (Mindfulness), que é um estilo de vida onde se vive o aqui e o agora. Podemos definir o Mindfulness como a observação consciente e sem julgamentos de nossas percepções, pensamentos e emoções no momento presente, com um atitude de equanimidade, curiosidade, abertura e aceitação (Jeremy Hunter).

Eu gosto de dizer que praticar Atenção Plena é treinar deixar o corpo e a mente no mesmo lugar, conectados. Isso traz centralidade, presença, equilíbrio. É uma forma de cuidar de si, dos outros e do mundo, que lhe permite agir diante da ansiedade, não acreditando nos pensamentos ansiosos e tendo uma vida mais positiva. Isso é autocompaixão e precisa de treino.

 

Transformando a vilã em amiga

O primeiro passo para ficar no comando da sua vida, com uma mente mais serena é a prática da autocompaixão. O sentimento de culpa sustenta a autossabotagem. A culpa muitas vezes não tem lógica, é um padrão mental de que merecemos ser punidos, é uma constante fuga da felicidade. A mudança vai ocorrer quando nos responsabilizarmos cem por cento pela vida que temos, mas isso tem que ser feito com autogentileza pois a culpa é uma armadilha que não vai levar a nenhum lugar agradável.

O Mindfulness anda de mãos dadas com autocompaixão. Através da autocompaixão nos tornamos nossos próprios aliados, ao invés de inimigos. Faça uma pausa para a autocompaixão e transforma a negatividade da ansiedade em positividade. Aprenda a reconhecer a sua humanidade. Humanos falham e você não precisa controlar tudo o que ocorre a sua volta.  Está tudo bem experimentar a ansiedade. Ela não precisa ser vilã mas pode ser a sua guru. A guru ansiedade vai lhe ensinar a gerir a insegurança e o medo que surge quando não estamos no comando da situação. Mas atenção, o Mindfulness não fará nada por esse, caso você não pratique. A prática faz o monge, não se esqueça disso.

 

Por Neusa Tamaio

Instrutora de Mindfulness e fundadora do Jardim Consciente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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